A guitarra portuguesa, constituída por seis pares de cordas, é o símbolo nacional do Fado.
Este é considerado o género musical mais representativo de Portugal, expressando a melodia e ritmo da cultura popular portuguesa, mais especialmente a lisboeta.
Reflete as dificuldades e vicissitudes próprias da vida, nomeadamente daqueles que pela dificuldade diária dos seus trabalhos e formas de subsistência sentem a dureza da vida; dos que sofrem por amor; dos que recordam alguém ou algo que está parcial ou definitivamente longe.
O Fado, geralmente cantado a solo (por uma só pessoa) e acompanhado por uma guitarra clássica e por uma guitarra portuguesa, é resultado de uma vida junto ao mar e, que neste, encontra a única alternativa para uma vida melhor ou, pelo menos, para garantir uma refeição digna ao final do dia. Originário de um povo costeiro, que se lançou no séc. XV no empreendimento da expansão marítima que os conduziu a terras bem distantes: Japão, Índia e Brasil, e construiu na mentalidade portuguesa um sentimento único e inexplicável - a saudade. Traduzível como uma espécie de melodia, sentimento de falta ou mesmo tristeza que se prolonga no tempo e desenvolve uma espécie de incómodo, relacionado com o querer alcançar algo, que não se sabe bem o quê, mas que se sente como algo melhor e mais digno da condição humana, uma espécie de V império na terra, em que a fé cristã promoveria a paz e a felicidade em todo o mundo.
Em suma, o fado canta a dor provocada pelo sofrimento humano: originado pela ausência, pelo amor, ódio, ciúme, inveja, pela tragédia, pela sina e sensação de desgraçadamente condenado à prisão que em que a vida se torna. Descreve a luz e as sombras da cidade, a esperança e a fatalidade, o nascimento e a morte, o eterno ciclo da vida com a constante certeza que tudo culmina na morte. Daí que a letra melódica e saudosista seja afrontada com um ritmo contrastante das guitarras e um compasso humorístico do fadista que reflete bem a luta quotidiana do ser humano com a imprevisibilidade da vida.
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