Os
eléctricos fazem parte da moldura de Lisboa. A cidade é conhecida pelos seus "pequenos comboios" amarelos que sobem e descem as colinas da cidade, levando com eles pessoas de todas as gerações e nacionalidades, com diferentes propósitos e destinos.
A rede de eléctricos está integrada na empresa de transportes públicos
Carris.
Total de carreiras -
6
Distância total das carreiras -
31 Km
Total de condutores -
138
Total de veículos -
63
Curiosidades:
- Os condutores dos eléctricos são denominados guarda-freios;
- A frota é constituída por 45 eléctricos remodelados (os mais conhecidos), 10 articulados (os mais recentes) e 8 históricos ligeiros (os mais antigos, de cor vermelho/grená);
- Todas as carreiras prestam serviço na área metropolitana de Lisboa, à exceção da carreira 15E, que tem como destino Algés, servindo o município de Oeiras;
- A rede que alimenta os eléctricos tem uma medida invulgar, que por essa razão é utilizada em poucos sistemas de transporte, a nível mundial. A natureza da rede é em bitola reduzida de 900mm, sendo a cidade de Linz a única rede urbana a utilizar o mesmo sistema de rede em transportes, como é o caso do eléctrico;
- A alimentação da rede é de 600V em corrente contínua.
As
carreias, atualmente,
ao serviço dos lisboetas são:
12E: Socorro - Martim Moniz
15E: Praça da Figueira - Jardim de Algés
15E: Jardim de Algés - Praça da Figueira
18E: Caís do Sodré - Belém
18E: Belém - Caís do Sodré
24E: Praça Luís de Camões - Campolide
24E: Campolide - Praça Luís de Camões
25E: Campo de Ourique (Prazeres) - Praça da Figueira
25E: Praça da Figueira - Campo de Ourique (Prazeres)
28E: Martim Moniz - Campo de Ourique (Prazeres)
28E: Campo de Ourique (Prazeres) - Martim Moniz
O famoso eléctrico 28
O seu trajeto inicia-se no Largo Martim Moniz, em pleno centro histórico da cidade de Lisboa, e segue em direção ao bairro da Graça, continuando até à Igreja de São Vicente de Fora. Prosegue a viagem, através de ruas estreitas, largos pitorescos e fachadas que contam a história medieval da cidade, até Alfama.
No miradouro do Largo das Portas do Sol, a vista sobre a cidade e o calor, transmitido pelos raios de sol a refletir sobre as águas do rio, permite ao viajante seguir viagem até ao seu destino de cara lavada e com a certeza de que o paraíso é aqui, na Terra. Esta localização é também estratégica, no sentido em que, das Portas do Sol, se chega facilmente ao Castelo de São Jorge.
O eléctrico segue o seu percurso em direção à Baixa Pombalina, passando ao lado daquela que é a sede do Patriarcado de Lisboa, mas também uma verdadeira testemunha da conquista da cidade aos mouros, protagonizada pelo fundador de Portugal - Dom Afonso Henriques. Pelo que começa a descer pela requisitada Rua da Conceição, onde o comercio tradicional e os hábitos citadinos se fazem marcar, bem do jeito português.
O Chiado é o bairro que se segue e, com ele, novas dinâmicas, arquitetura, decorada com pequenos frisos
Art Nouveau, e comércio se vislumbram. De facto, tratasse de um local muito
trendy, onde os jovens artistas se concentram, pela proximidade da Universidade de Belas Artes. E as pessoas, aí costumam passear para absorverem novas ideias, quer seja das montras de lojas, como através do contacto com um ambiente, onde as novas tendências de moda , musica e
lifestyle se manifestam liberalmente nas artérias do bairro.
Após passar pelo Largo do Camões e se ter tido a oportunidade de testemunhar a figura de outro grande escritor, que pelo seu hábito de tomar café na pastelaria
A Brasileira, aí ficou imortalizado, fazendo as delicias de quem pára na esplanada para tomar algo ou simplesmente tirar uma foto, num largo normalmente repleto de pessoas e animado por artistas que aí aproveitam para fazer demonstrações das suas capacidades e criações artísticas, segue caminho para o Bairro Alto, dando o mote para um jantar ou plano com amigos, numa área caracterizada pela dinâmica noturna e convívio "fora de horas".
O 28, desce a colina, desta vez, pela Calçada do Combo, tendo como notoriedade maior a Assembleia da República, onde os governantes e deputados portugueses se reuniam para definir e discutir as estratégias do país. Tendo como destino seguinte a Basílica e jardim da Estrela, o percurso continua através do bairro residencial, tipicamente associado às famílias tradicionais lisboetas, de Campo de Ourique e segue para o Largo dos Prazeres, onde está plantado um importante cemitério que acolhe algumas das figuras mais proeminentes da sociedade portuguesa que residia em Lisboa.
Por fim, o famoso elétrico 28, famoso por causa do seu trajeto que faz a delícia dos visitantes, mas também de quem nasceu e reside na cidade das sete colinas, termina o seu percurso, mas nem por isso é merecedor de descanso, uma vez que chegando à sua última paragem dá a volta e regressa novamente ao seu ponto inicial - Largo Martim Moniz.
Posto isto, quem utiliza o tradicional elétrico amarelo (remodelado, com a missão de transportar os cidadãos) ou grená (histórico, utilizado para percursos turísticos, com direito a guia local e explicações sobre os locais mais emblemáticos do trajeto) tem sempre a oportunidade de voltar a percorrer o caminho e deparar-se com novas perspetivas e ângulos diferentes que permitam conceber um ponto de vista sobre a cidade de Lisboa, uma cidade de gente humilde e simpática, de calçada e Tejo, de gaivotas e música, de cheiro e luz, de vida e saudade de um tempo que se esgota.