"A gastronomia ibérica está segura das suas raízes e do caminho a seguir"
Esta foi a frase proferida pelo chef Angél León, na véspera da apresentação do Guia Michelin, em Sevilha.
A Península Ibérica, maioritariamente divida por Espanha e Portugal, mas também por Andorra e Gibraltar, incluindo pequenas parcelas de território de soberania francesa a norte dos Pirenéus, tem 580.000 km2, sendo a segunda maior península do continente europeu. É apenas ultrapassada, em dimensão, pela península Escandinava, e, em população, pela península Balcânica.
Os seus pontos mais extremos são: a ocidente o Cabo da Roca, a oriente o Cap de Creus, a sul a Ponta de Tarifa e a norte a Estaca de Bares. Todos estes pontos têm em comum a água, seja pelo Oceano Atlântico, seja pelo Mar Mediterrânico.
Daí que o chef Angél León, no seu restaurante "Aponiente", detentor de três estrelas Michelin , localizado em Cádiz no sul de Espanha, tenha a Baía da cidade como inspiração e o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo como influência na sua carta.
O chef que é o responsável pelo jantar da gala de apresentação do Guia Michelin Espanha e Portugal 2020 defende que "os grandes" cozinheiros portugueses e espanhóis são "defensores da tradição" ibérica e "grandes amantes" dos produtos autóctones.
Sobre o estado da gastronomia em Portugal, Angél León fez referência a Henrique Sá Pessoa, proprietário do restaurante Alma, em Lisboa, e ao austríaco Hans Neuner que é o responsável pelo restaurante Ocean, no Algarve. Ambos possuem duas estrelas Michelin e "representam essa nova cozinha portuguesa com personalidade atlântica, defensores dos peixes e mariscos locais".
Neste jantar, que serve de mote para a apresentação da próxima edição do Guia Michelin da Península Ibérica, os cerca de 500 convidados, têm a oportunidade de provar os pratos confecionados por oito chefs andaluzes, incluindo Angél, no histórico Casino da Exposição, inaugurado em 1929, aquando da exposição Ibero-Americana.
Esta gala têm um significado especial uma vez que comemora também os 110 anos do lançamento Guia Michelin Portugal e Espanha, "o que implica uma maior responsabilidade e respeito" por parte dos oito cozinheiros que têm a liberdade/responsabilidade de decidir quais são as suas propostas gastronómicas.
Segundo o chef, "a Andaluzia está num momento gastronómicamente sublime e que uma gala tão importante se realize aqui é algo que nos faz orgulhar e mostrar o nosso melhor". Por isso mesmo, espera "uma chuva de estrelas para a cozinha de qualidade"
A Guia Michelin tinha anunciado recentemente que 2020 seria um "ano excecional" para a gastronomia de ambos os países, com um "crescimento em todas as categorias", especialmente na atribuição de uma estrela.
Situação atual do Guia Michelin em Portugal e Espanha:
Portugal
- 20 restaurantes com 1 estrelas ("uma cozinha de grande fineza, compensa parar");
- 6 restaurantes com 2 estrelas ("uma cozinha excecional, vale a pena o desvio");
Espanha
- 170 restaurantes com 1 estrela ("uma cozinha de grande fineza, compensa parar");
- 25 restaurantes com 2 estrelas ("uma cozinha excecional, vale a pena o desvio");
- 11 restaurantes com 3 estrelas ("uma cozinha única, justifica a viagem")
O Guia Michelin é um guia de referência, publicado pela primeira vez em 1900 por André Michelin , com o objetivo de promover o turismo para o crescente mercado automobilístico.
Está presente na maioria dos países europeus e nas principais cidades do mundo, premiando os melhores restaurante, através de uma classificação de uma até três estrelas.
Por se tratar do guia mais respeitado do mundo, representa o sonho ou o pesadelo de qualquer chef de cozinha, visto que a atribuição de uma estrela significa a ascensão do restaurante e dos seus profissionais, assim como a perda de uma delas pode conduzir a uma tragédia, como aconteceu com o chef Bernard Loiseau que se suicidou em Fevereiro de 2003, aos 52 anos, devido à ansiedade provocada por um rumor de que o seu restaurante iria perder as três estrelas que possuía.
Assim, há quem lute incansavelmente por conseguir a tão afamada estrela, como há quem não as queira, como é o caso do restaurante português "Henrique Leis", em Almancil, que comunicou, por intermédio do seu chef, com o mesmo nome, que pretendia abdicar da estrela que detinha à 19 anos, alegando cansaço e autonomia para desenvolver outros interesses.
Sem comentários:
Enviar um comentário